segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Entrevista Neoscopio: Gustavo Mendes

A Neoscopio é uma empresa portuense formada por quatro jovens empresários oriundos de áreas bastante distintas como a Engenharia, a Física, a Química e a Psicologia que, em Junho de 2007, decidiram avançar para a criação de uma empresa. A ideia surgiu depois de os jovens se terem conhecido no curso de empreendedorismo da Escola de Gestão do Porto (EGP- UPBS), situação essa que serviu de base para que passassem da teoria à prática.



Como surgiu a ideia de criar a Neoscopio?


A ideia de criar a Neoscopio surgiu a partir da utilização que cada um de nós, no seu contexto profissional, dava ao software Open Source. Demos conta que individualmente, e em áreas profissionais muito diferentes, usávamos este software para resolver problemas que de outra forma não conseguíamos dar resposta de forma eficiente. O curso de Empreendedorismo da Escola de Gestão do Porto (EGP-UPBS) foi o ponto de viragem para a materialização desta ideia em negócio. Foi na Escola de Gestão do Porto que nos conhecemos, que demos conta desta utilização simultânea do software Open Source, e que reunimos os conhecimentos necessários para a criação da empresa. Depois, foi seguir as diferentes fases da cadeia de valor do Empreendedorismo, desde a captação de investimento, passando pelo apoio da Inovcapital e da Agência de Inovação, até à incubação na UPTEC, onde estamos actualmente. Tal como aconteceu connosco, acreditamos que o paradigma Open Source irá mudar o relacionamento das pessoas e empresas com as tecnologias de informação, contribuindo com soluções mais eficazes, adequadas e sustentáveis.

Quais foram os principais obstáculos à criação da empresa?

O principal obstáculo foi sem duvida a captação do financiamento necessário à criação da empresa, e a consequente negociação dos impactos do mesmo na gestão da empresa. Mas contámos com o apoio da Universidade do Porto (UPIN) no âmbito do programa Finicia, assim como da Agência de Inovação através do programa Neotec. No entanto, ainda hoje este obstáculo é real, ao nível do nosso crescimento, pois é muito mais fácil adquirir financiamentos para projectos mais “maduros”.

Qual a área de negócio da Neoscopio?

A Neoscopio é uma empresa na área das Tecnologias da Informação, designadamente no desenvolvimento, comercialização e personalização de programas informáticos com base em software Open Source. Presta também serviços profissionais de garantia, suporte, assistência sob as formas de e-mail, telefone ou presencial, assim como a administração de sistemas, hosting e formação. Estas soluções são, em si, de qualidade equivalente ou superior a muito software comercial existente, com um custo significativamente inferior. Nós estamos verdadeiramente convencidos que, mais que o preço, são as características do modelo de licenciamento Open Source que dão mais vantagens aos nossos clientes no longo prazo, sendo neste ponto que reside a verdadeira mais valia das soluções oferecidas, pois vai permitir às empresas grandes reduções de custos sem perda de funcionalidade e sem ficarem literalmente presas ao seu fornecedor de TI.

Que trabalhos já desenvolveram e para quem?

Um dos primeiros projectos da Neoscopio foi na área da computação científica e consistiu na parceria com o fabricante nacional de computadores J. P. Sá Couto, detentor da marca Tsunami, para a implementação de um protótipo de sistema de computação optimizado para algoritmos de química nacional. Este protótipo foi testado pelo Laboratório Associado Requimte no âmbito de um concurso público amplamente divulgado, tendo obtido os melhores resultados e vencido o concurso. O cluster, com 256 dos mais recentes processadores da Intel, já foi montado por técnicos de ambas as empresas e está actualmente em produção. Esta mesma tecnologia, desenvolvida e integrada por nós, tem sido usada no Centro de Investigação de Física da Universidade do Porto e despertou o interesse das empresas como no caso da BIAL, que solicitou os serviços da Neoscopio nesta área. Vencemos também o concurso para o desenvolvimento do portal e Intranet da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) (www.ers.pt). A tecnologia de base foi o avançado gestor de conteúdos Open Source “Plone” já usado por entidades tão diversas como Governo Federal Brasileiro, European Agency for Safety and Health at Work, e Nações Unidas. Parte deste projecto foi a criação de um livro de reclamações online com um sistema de triagem que permite lidar com um grande volume de reclamações. Esta nova funcionalidade foi destacada em diversos meios de comunicação social. Ambos o portal e Intranet estão em funcionamento, sendo que somos quem administra desde então os sistemas de informação da ERS.

O que ambicionam conquistar a médio/longo prazo?

A Neoscopio tem como objectivo imediato o crescimento rápido e sustentado. Assim, no médio prazo ambicionamos:

1. a consolidação da marca, por forma à Neoscopio ser reconhecida como de referência no sector das tecnologias Open Source. Este com um duplo objectivo, ganhar quota de mercado, e captar o interesse de potenciais clientes e parceiros internacionais.

2. a apresentação da Neoscopio aos mercados internacionais, iniciativa esta já iniciada através da apresentação da empresa ao programa UT Austin – Portugal (http://techportugal.com) e,

3. a captação de novos clientes – aqui a Neoscopio tem já desenhado um conjunto de iniciativas, desde aumentar sua presença na internet, seja através de sítios de experimentação do produto como vimos acima, seja através de redes especializadas em tecnologias específicas como por exemplo a “Plone Network” (http://plone.net/) do qual a Neoscopio já faz parte.

Que projectos pretendem implementar em breve?

A empresa está, actualmente, a explorar soluções de “Software as Service” (SaS). Há um interesse claro por parte dos nossos clientes no outsourcing das tecnologias de informação, nomeadamente no que diz respeito a servidores Web, desde que garantidos os serviços de actualização e segurança, redes de alta disponibilidade e backups automáticos. Estes serviços, em alguns casos, seriam muito dispendiosos manter nas próprias empresas.

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